Subsídios do governo geralmente são apresentados como medidas nobres para aliviar a vida de quem mais precisa.
À primeira vista, parecem benefícios diretos à população de baixa renda — como o novo subsídio para energia elétrica, que promete isentar cerca de 60 milhões de brasileiros da conta de luz.
Mas o que ninguém fala com clareza é: alguém sempre paga essa conta. E na maioria das vezes, quem arca com o custo real é justamente quem menos pode.
Esse novo subsídio vai custar R$ 3,5 bilhões por ano ao país. Embora soe como uma ação social importante, o dinheiro não surge do nada.
O governo precisa encontrar uma forma de financiar esse benefício — e quase sempre isso acontece de duas formas: aumento de impostos ou repasse indireto via inflação.
A lógica é simples: se uma parte da população deixa de pagar por um serviço essencial, outra parte precisa cobrir essa diferença. E essa outra parte inclui empresas e consumidores que não se enquadram nos critérios do benefício.
Quando o empresário é pressionado por custos mais altos — seja pela conta de luz ou por carga tributária crescente — ele tende a repassar isso para os preços dos produtos e serviços. O resultado direto disso é a inflação.
Um produto que custava R$ 10 passa a custar R$ 12. Com o tempo, tudo encarece. O problema é que quem mais sente o peso desse aumento são justamente as famílias de menor renda. O que parece um alívio imediato vira um fardo invisível no médio prazo.
Enquanto isso, os mais ricos têm formas mais eficientes de proteger seu patrimônio. Com bons contadores e planejadores financeiros, conseguem montar estruturas que reduzem a carga tributária, investem no exterior, compram ativos dolarizados e protegem seu capital da desvalorização interna.
O pobre, por outro lado, não tem acesso às mesmas ferramentas — e acaba arcando com o custo de medidas que foram, teoricamente, feitas para ajudá-lo.
Há ainda uma camada cultural a ser considerada. A recorrência de subsídios pode criar um ciclo de dependência. Muitas pessoas, ao se acostumarem com os benefícios do governo, podem deixar de buscar alternativas de crescimento e independência.
Isso não é uma crítica à ajuda em si, mas um alerta para o risco de acomodação e improdutividade que certas políticas públicas mal desenhadas podem causar.
Do ponto de vista político, decisões como essas costumam ser populares. Mas popular nem sempre é sinônimo de inteligente.
O investidor e o empreendedor pensam no longo prazo. Políticos, muitas vezes, pensam apenas nos próximos quatro anos — o que gera um desalinhamento entre o que seria sustentável para o país e o que garante reeleição.
Tomar decisões impopulares, como fez José do Egito ao guardar grãos durante os anos de fartura, é difícil. Mas é justamente o que garante estabilidade e progresso.
Já as decisões populares, que visam agradar a maioria sem considerar o impacto futuro, são as que fragilizam economias inteiras.
No fim, entender o impacto real dos subsídios do governo é essencial. O problema não está apenas na conta de energia elétrica.
Está na forma como essas medidas afetam toda a cadeia econômica, gerando inflação, aumentando o custo de vida e reduzindo a capacidade de investimento de quem mais precisa.
A boa intenção pode existir — mas sem uma análise de impacto econômico, as consequências são inevitáveis.
E no Brasil, como temos visto, são sempre os mesmos que pagam a conta.